O Brasil é um país de contradições. Frase antiga, sabe-se lá de quem é a autoria (você sabe???), mas cheia de grandes verdades que não escapam ao mundinho da Moda Brasil.
Estilistas e empresário do setor reclamam, com razão, da falta de incentivo do governo, dos altos impostos e da concorrência desleal com produtos vindos da China e outros países asiáticos que conseguem um preço final baixíssimo devido à qualidade questionável de seus produtos e das condições de trabalho muitas vezes deplorável de seus trabalhadores. Mas o que o próprio setor está fazendo em relação a isso?
A discussão sobre “Moda Brasil”, “DNA brasileiro” ou qualquer outro nome que se queira dar a essa tal identidade que parece difícil de se enxergar perde grande valor quando quem está lá no topo, os criadores da nossa moda, deixam escapar a oportunidade de levantar nossa própria bandeira. Não quero me referir aqui a uma inspiração literal em nossa cultura, essa discussão já rendeu muito pano pra manga sem nem ao menos arrematar uma mera camiseta com tudo isso. A questão aqui é de levantar a bandeira do “Fabricado no Brasil”, um orgulho do produto nacional.
Nós brasileiros somos um povo orgulhoso de nossa nacionalidade – “Orgulho de ser brasileiro” – e parece que o setor têxtil não enxerga nisso uma oportunidade de se fortalecer. Pode parecer um passo pequeno, mas já seria um primeiro passo para quem reclama mas parece não se mobilizar.
Na Austrália, país onde passei meus últimos dois anos, de cada dez peças de roupa, nove são Made in China (estimativa não oficial, ok?, mas uma observação de consumidora que checa etiqueta). E o que acontece com os produtos fabricados no país? Exibem isso em suas etiquetas junto da palavra “orgulho”. O preço final é bem menos competitivo, óbvio, mas o consumidor, cada vez mais consciente, valoriza a indústria nacional e paga pelo preço.
Não precisam atirar pedras, sei muito bem que a realidade australiana passa bem longe da brasileira. Mas a questão do consumo consciente é uma “tendência” sem volta, que vem conquistando mais consumidores a cada dia. E a indústria da moda brasileira parece não querer segui-la.
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